Hoje eu vim falar sobre um assunto que muita gente julga ser
coisa de maluco; outras dizem que é coisa de quem não tem amigos. Eu mesma já
tive as duas opiniões. O tema é..terapia.
Durante anos me sugeriram fazer psicoterapia, mas eu sempre
corri dizendo que não precisava porque tinha amigas para me ouvir, que era
muito estranho pagar uma pessoa para ficar lá, por uns 50 minutos, ouvindo meus
problemas sem a menor vontade. Até que um dia cedi a pressão. Mas como eu fui
contrariada (apenas para dizer: tá vendo! Isso não serve pra mim), as consultas
não funcionaram. Passei por duas psicólogas e tive a mesma postura defensiva,
sem ME dar a oportunidade de gostar. Até que...
Chegou uma época em que senti a necessidade de uma pessoa
totalmente imparcial para ouvir os meus problemas. Foi então que voltei para a
minha primeira psicóloga e... amei. Mas daí tive que me mudar para Brasília,
como vocês sabem, e as sessões foram interrompidas num momento muito importante, devido às mudanças que estavam acontecendo.
O tempo que passei na capital do Brasil me senti muito
sozinha, e, claro, minha psicóloga fez falta. No início, eu realmente achava
estranho passar quase uma hora conversando sobre coisas tão íntimas com um
pessoa que estava me ouvindo só porque estava sendo paga pra me ceder alguns
minutos do seu tempo. Mas depois eu pensei: quer saber?! Ela está ganhando pra
isso, então vou aproveitar; falar tudo que me angustia. Foi só quando eu me desarmei que as consultas passaram a
funcionar. E os 50 minutos começaram a ser pouco, porque eu passei a falar (e
muito) sobre tudo: coisas boas, coisas ruins, neuras, conquistas...
A psicoterapia foi um momento muito importante na minha
vida. Foi quando eu passei a me ouvir. É claro que eu sabia de tudo que
estava falando pra minha terapeuta, mas quando a gente fala em voz alta e ouve
questionamentos de outra pessoa que te fazem pensar melhor no assunto para lhe
responder, fica mais evidente a questão e o que precisa mudar para melhorar
aqui ou ali.
Você pode usar o mesmo argumento que eu usava: “conversar
com amigas é melhor porque elas te conhecem, já sabem pelo que você está
passando”. Ou “converse com o espelho”. Mas, olha, garanto que não é a mesma
coisa. É claro que as amigas são sempre boas opções para desabafar, mas não vá
esperando bons conselhos para coisas decisivas em sua vida (casar ou comprar
uma bicicleta, sair da casa dos pais, largar tudo pra fazer um intercâmbio),
pois a amiga tende a aconselhar da forma como ela faria se fosse a vida dela.
Se ela estiver com problemas em casa, é claro que vai sugerir que você use
aquela picuinha com a sua mãe pra meter o pé no mundo e ganhar a sua
independência. Se o sonho dela for morar nos EUA, vai te sugerir abandonar a
faculdade e o emprego que tem aqui pra se aventurar lá fora. E se ela for do
tipo princesinha que sonha com o próprio casamento, achando que isso é a
solução dos problemas de qualquer mulher, você acha mesmo que ela vai responder o
quê (ainda mais se ela for amiga do seu namorado)?!
Já uma psicóloga vai ser totalmente imparcial, porque ela
não se coloca na sua vida. Ela não conhece o seu chefe, nem a sua mãe, ou o seu
namorado. Então, ela vai te fazer perguntas, tanto para entender a questão,
quanto para fazer você pensar sobre o assunto. E quando a gente pensa, olha que
legal, as respostas surgem de nós. =)
Garanto! Foi somente com isso que eu comecei a crescer. Pra
começar, cresci quando admiti a mim mesma que precisava sim de uma profissional
orientando os meus pensamentos, porque sozinha eu estava confusa demais. E cresci
ao perceber que as soluções estavam ao meu alcance, bastando me ouvir e pensar
a respeito para saber o que fazer. Sem falar que é muito bom reservar uma hora
da semana pra desabafar, contar aquilo que você não contaria nem pra sua sombra
porque morre de vergonha (mas que a psicóloga não vai nem perceber, afinal, já
ouviu tantas outras bizarrices antes de você chegar ao consultório).
Sinto falta de fazer psicoterapia. Espero que abra um espaço
na agenda da minha psicoterapeuta logo pra eu voltar a ter um dia “pra me ouvir”. E
aí, você já fez terapia? Gostou? Fugiu igual a mim? Compartilhe
sua experiência aqui; pode ser muito útil para as outras leitoras. ;)
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Esses são os "pensamentos do dia", que tinha que pegar no fim de cada sessão. Guardo todos até hoje. |